“O Planeta dos Macacos – 1968”
São três companheiros e uma mulher. Viagem interplanetária. Nave com sistema de morte aparente. Queda num lago no meio de dum deserto. Em qual planeta chegaram? Desconhecem. A data? Mais de dois mil anos à frente.
A mulher morreu velha e os rapazes atravessam a inóspita região entre discussões filosóficas e o desejo de sobreviver. Contudo o caminho vai ficando mais ameno, uma pequena plantinha aqui. Depois outras e finalmente um lago com cachoeira e vegetação luxuriante.
Um banho é indispensável e após o diretor mostrar o rosto de cavalo do protagonista, colocá-lo fumando um charuto com sua voz profunda, ele finaliza com o sujeito de 45 anos saradíssimo, nú e sem essa musculatura falsa de academia de hoje. Ele é Charlton Heston, personagem: Taylor.
Numa sequência só, suas roupas são roubadas por humanos que não falam e agem como macacos. E num milharal, montados a cavalo, com rifles e redes, gorilas que falam capturam os grupos atônitos e sem ação. Taylor leva um tiro no pescoço e é capturado, junto com a belíssima “Nova”. Ele não consegue falar. Mas seus olhos brilham diferente dos demais.
O planeta é dos símios. A liderança é feita pelos sábios e articulados orangotangos, representados pelo inteligentíssimo Zeius, a opressão e o trabalho pesado está a cargo dos gorilas e o povão, a classe média que ocasionalmente um ou outro se destacam, no caso o antropólogo Cornélius e a psicóloga veterinária Zira, são os chimpanzés.
Novo enfrentamento de Taylor com os sábios locais, onde pela primeira vez ele fala. E seu discurso é cruel. Há um tribunal envolvendo os orangotangos e os chimpanzés e o acusado Taylor não tem direito de resposta. Mesmo assim escreve. O desconforto é geral. Zira revela-se uma insurgente nata e Cornélius revolta-se com seu esforço em estudar e pesquisar, e ver a verdade sendo manipulada e distorcida pela classe dominante.
Com a ajuda de seus únicos amigos, Taylor consegue escapar. Vão para a zona proibida onde a ciência mais uma vez terá um embate contra a religião. Uma bonequinha humana – que fala- é a prova cabal de que em um determinado tempo existiu uma sociedade mais avançada que a dos primatas atuais e os líderes eram humanos.
O diálogo entre Taylor e Zeius é áspero e cheio de acusações entre ambos. O que a sociedade fez com a civilização? Qual será a verdadeira alma dos homens? E Zeius deixa-o ir para que ele veja onde está. A surpresa é muito grande para toda a platéia e inclusive Taylor, que desaba de joelhos e revoltado. Muito triste ver um homem como aquele ter suas convicções destruídas e confirmadas num só instante. Filmaço.
O que há de bom: Charlton Heston em toda sua magnífica postura corporal e um enredo criativo, instigante e complexo
O que há de ruim: demorou anos para passar na TV brasileira e depois suas sequências (existem mais quatro) foram decaindo a magnitude inicial
O que prestar atenção: Charlton Heston, Terence Hill e John Weismuller foram meus ídolos da infância, homens marcantes, o primeiro arquétipo da autoridade (meu pai) o segundo da alegria de viver (eu) e o terceiro a perfeição aquática de corpo e alma ingênua (meu filho) e só hoje percebi isso
Cena do filme: o beijo de Taylor em Zira, mil interpretações em uma só imagem que emudece as palavras
Cotação: filme excelente (@@@@@)
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