sábado, 24 de setembro de 2011

Quinta está no ar, cinema: O TIGRE E O DRAGÃO

Mais uma vez o titio COBRA nos brinda com uma resenha apaixonada. Ele a escreveu no ano do lançamento do filme, quando ainda não sabia falar mandarim.

Reparem a sua enorme pulsão ao ver algo tão diferente e criativo.

“O TIGRE E O DRAGÃO”

Este não é para todos, sinceramente. Não sei falar Mandarin, mas ficaria muito palha se fosse em inglês. Não luto muito bem Kung Fu, mas estive em Guangzhan, China. Terra de Yuen Wo Ping, mestre de todos nós. Até do Jackie Chan, único que chegou perto de um dos meus ídolos, o Bruce Lee. Para ver essa história você é obrigado entrar em devaneios. Possuir ainda pés de criança que voa. Acreditar no amor. Coisas assim, sei lá.

Duas mulheres belíssimas. Zhan Zi Yi faz a rebelde sem causa – Jen. Filha do governador, prefere ouvir os ensinamentos de sua lacaia ( ou lacraia ? ) Jade Fox – raposa de Jade. Com certeza ela é bailarina profissional, pois seu equilíbrio na haste do bambú só se consegue com muito “plié”. A outra arrebanhou-me o coração por seu encanto contido, seu olhar magistral de arrebatamento e doçura. Algo que apenas as grandes mulheres possuem. Michelle Yeoh no papel de Yu Shu Lien é a pessoa sensata e vivida. Tem seu grande amor tão perto e tão longe, no melhor que um folhetim pode nos mostrar. Flor de lótus.

Só de colocar duas gatas trocando golpes ( ou seriam coreografias ? ) e bailando sobre telhados e derrapando em paredes, me possuiu. O COBRA gosta de mulher suando. Realmente este século vindouro é delas. A vitória da sutileza contra a força. A derrota da objetividade perante o inefável. A insustentável leveza do ser. Viajei !

Tema principal não são as lutas ou o método Wudan - leia o livro de Du Lu Wa. É o amor. Amor de homem e mulher, de mãe e filha, amiga e irmã, pai e filho, mestre e aprendiz. Todos em um caleidoscópio visual. Passando pelo deserto mongólico da região de Sinkiang, até as florestas de coníferas e os bambuzais. A China é enorme e linda!

Ver estrelas no céu do deserto de Mu Us ( logo depois da Grande Muralha ) com sua amada é perfeito. Todas as pessoas especiais tendem ao isolamento. Somente sendo uma águia para entender. Ter asas é uma questão de sobrevivência no mundo de hoje. O casal de jovens percebe isto.

O outro casal apenas vislumbra o que poderia ter sido e não foi. Resta apenas imaginar o que será quando se encontrarem no Tao, o Caminho. É uma questão de direcionar o seu Chi, a energia vital. Mas a troca de carinho, o suave roçar de mãos, diz tudo. Rapaziada, amar não é só sexo não!

Muitos possivelmente deram risadinhas quando os lutadores sobrevoaram vários Cantões da China. Pobres de espírito... Não entenderam a metáfora vigente. E nem vão entender. Estão sob o efeito pós-Matrix. Orientado pelo mesmo mestre. Mas aqui ele se soltou. O filme não é exagerado e nem mentiroso. Você que caçoou é que tem o coração diminuto e a imaginação rasteira.

Final estóico. Típico da filosofia oriental. Sem muitos artifícios, de acordo com todo o desenrolar.

O que há de bom: as coreografias, a China no cinema, coisa rara

O que há de ruim: nós não conhecermos a língua mais falada do mundo e muito menos os seus ideogramas

O que prestar atenção: Li Mu Bai é o herói dos pés de barro, mesmo sendo invencível e possuidor da espada, não soube em momento algum ir direto ao que interessa: - Shu Lien.

A cena do filme: ele dando uma sova nela com um ramo de árvore qualquer e as armas usadas na contenda da academia

Cotação: filme excelente ( ***** ) só serve pra quem ainda tem um menino dentro de si e que sonha ...

C.O.B.R.A.

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