quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Quinta está no ar, cinema: BONEQUINHA DE LUXO

Olá amigos,

Cão também é fashion. Nesta resenha do titio COBRA, mais uma vez vemos o bom gosto à toda prova. Filme emblemático de Audrey Hepburn, se eu fosse humana, seria como ela.

Úrsula Maff


“Bonequinha de Luxo”

Cena inicial, manhã de domingo em Nova Iorque, uma mulher muitíssimo bem-vestida desce do taxi e vai mirar as jóias da mais célebre casa do mundo neste quesito, Tiffany´s. Ela vira-se: misto de mulher e menina, rosto fino, gestos delicados, um sorriso arrebatador mesmo com a boquinha fechada, as costas, o cabelo volumoso preso, os óculos escuros meio-gatinho, o sonho na boca que até cheia é linda! Ela; se não é perfeita, chega muito perto. Audrey Hepburn é um doce.

Até o nome da personagem é charmosésimo: Holly Golightly, ou Lula Mei Barnes, uma menina que se casou aos 14, no interior, mudou-se para a capital no intuito de virar artista e depois caiu na vala comum da prostituição. Mora no apartamento de baixo de um japonês chato que não merece mais do que uma aparição ou duas no filme inteiro. E recebe em casa com a maior naturalidade um sujeito que nunca viu e em poucos minutos ele sabe tudo da história dela. Desde o gato até a bagunça organizada em que ela vive. Seu segundo vestido “um pretinho básico” torna-se um imediato objeto de desejo mundial, apenas pelo segredo do chapéu com apenas um lenço esvoaçante... Audrey é moda.

Lendo assim fica inverossímil, mas a atuação magnífica e sedutora de Audrey, faz-nos imaginar exatamente aquilo que qualquer homem pensaria. O que faz uma mulher como essa numa vida desse jeito? Ela; na segunda fala, já no apartamento dele – que também é remunerado pelas mesmíssimas razões que ela – sua naturalidade coloca-a deitada no peito nu do novo amigo. E esse resiste ao irresistível. Audrey é mágica.

Num vai e vem de festas e paqueras de milionários ela mostra uma máscara defensiva gigantesca. Uma barreira imensurável entre seus verdadeiros e ocultíssimos desejos, e a vontade de ficar rica a qualquer preço. A cena da festa, com a piteira, mostrando as figurinhas típicas de uma boca livre qualquer é apenas um desfile de sua beleza inexplicável. Hepburn torna-se eterna.

O sujeito está apaixonado, louco por ela e quando o antigo marido aparece, num “savoir faire” quase que impossível, ele a ajuda. Saem juntos, ela bebe muito e quase me esqueço da cena em que ela canta “Moon River”, simplesinha, de toalha na cabeça e calça jeans, mostrando umas pernas grossas e fortes que não ocultam o seu passado de bailarina. O tal escritor, leva um fora memorável. Hepburn é difícil.

Então, no outro dia saem para passear e nos deleitamos com uma das mais belas sequências de namoro do cinema. Aquele leve, descompromissado, quase infantil, cheio de brincadeiras, ela mostra todo seu arsenal de caras e bocas em que até cego ficaria maluco. Um beijo. No outro dia ele vai ao seu encontro. E ela sabe ser séria quando quer, e dura também. Audrey é um enigma.

Um novo marido, um novo país, o Brasil. Imaginem como seria exótico, vir para cá em 1961! E o cara agüenta aquilo tudo. Mas pelo menos vira homem e desiste de sua amante que o sustenta e volta a escrever. Um novo escândalo. Como mulheres encantadoras têm uma facilidade para se envolverem em roubadas, não? Audrey é livre.

Começa a chover, ela se desfaz do gato que com ela coabitava, como se recusasse a ser quem é. Selvagem, uma força da Natureza. Ouve então a verdade do único que a enxergou como um ser humano, uma pessoa capaz de amar e ser amada. Toca Moon River e eles se beijam. Até Audrey Hepburn, é humana.

O que há de bom: uma mulher em todo seu esplendor, fazendo a prostituta mais bela e bem vestida de todos os tempos

O que há de ruim: a presença inoportuna de Mickey Rooney no dispensável papel de senhor Yonioshi

O que prestar atenção: e imaginar que esse papel seria de Marilyn Monroe, e a música de Henri Mancini seria de Gordon Jenkins, impossível!

A cena do filme: cada aparição - com um novo figurino - de Audrey Hepburn ficará na memória fashion de todas as mulheres da época, e para os homens apenas ela; e mais nada

Cotação: filme ótimo (@@@@)

COBRA

2 comentários:

  1. eu posso dizer que sou fã dos dois, da moça e do seu titio Cobra, que escreve bem demais!

    afagos, querida.

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  2. Olá Eleonora,

    Titio COBRA é profissa. Eu sou amadora. Agora, essa moça aí eu imito-a o tempo todo...

    Úrsula Maff

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