domingo, 27 de junho de 2010

Dunga e Maradona: Duas Faces da Mesma Mordida

“Dunga e Maradona: duas faces da mesma mordida”

Observando a Copa do Mundo, deparei-me com dois animais muito semelhantes. Os cães Dunga e Maradona. Primeiro na origem, são latino-americanos, jogaram futebol e foram líderes de sua matilha.

Você podem até estar surpresos com as minhas colocações caninas, mas um animal cheira o outro. Consigo identificar inúmeros pontos de contato entre ambos. Veja lá: quem tem o total controle sobre os seus comandados? Dunga e Maradona! Quem já representou toda uma Era (Era Dunga e Era Maradona) no futebol mundial? Quem briga com os seus seguidores – os repórteres - constrangendo-os e hostilizando-os, para depois fazerem declarações amorosas e lacrimogênicas acerca da própria família?

Neste instante eles desenvolvem um dos maiores instintos de bando, que é a preservação. Chamando a atenção para si mesmos, ambos ególatras de marca maior, eles poupam os seus cães de censuras e argüições. Vejam como elegem o seu líder dentro dos onze em campo: o melhor. Messi com seu pelo liso, sua velocidade arguta, seu faro de gol. Lúcio, com sua longilínea postura, flexibilidade e raça na defesa. Um cão de ataque e outro de guarda. O que dá na mesma. Ferocidade.

Outra coisa marcante é a nossa famosa fidelidade canina. Dunga só chamou àqueles que colocaram a Copa e a Seleção como prioridade. Presenteou com a convocação o cachorrinho que faltou aos seus compromissos no seu clube. Maradona idem. Somente escolheu quem ele gosta, quem tem carinho e o obedece cegamente. Vide os afagos públicos que distribui em campo, tanto no início como no fim.

O auto-endeusamento dos cachorrões chega as vias de fato ao escalarem seus times à sua imagem e semelhança. Enquanto o anarco-populista Maradona, põe a matilha para frente, de maneira alegre e desordenada, tendo como líder um felpudo Messi como seu alter-ego, Dunga copia. Já o brasileiro concreto-militarista, insere o seu escrete fechado, rigoroso, geometricamente calculado, com Elano um mais-ou-menos que não falha. E como todo nacionalista, conta com a sagacidade de um Luis Fabiano e suas patinhas mágicas, ou um Robinho e sua pedalativa reboladinha.

Se as declarações de Maradona em público chegam ao histrionismo pedante, e se diverte; Dunga não fica atrás. Ele é tão contundente como seu coleguinha de banco. Xinga baixinho, num rosnado seco e gutural, mas que o mundo inteiro escuta e o adverte. Os dois são notícias constantes e bombásticas.

Querem mais uma coincidência? Serão os primeiros contemporâneos que se defrontam tanto no campo como no comando. O que também – politicamente falando – devido a inexperiência como técnicos, jamais comandaram time algum, exercem uma dominância nunca antes vista neste universo futebolístico. Escalam quem desejam, brigam contra o “status quo” e até desdenham de seus líderes, cumprimentando-os com a mão no bolso ou olhando para o outro lado. Todos os cães sabem que a dominância é sinal de agressividade recolhida...

Não vou mais desfiar as dezenas de particularidades que unem estes dois belos exemplares de uma raça que não existe mais: o cão-turrão. Eles simplesmente não mudam um milímetro em seus comportamentos, doa a quem morder. Torço muito para que o Dogo Argentino chegue a final contra o Fila Brasileiro.

E espero – com a sinceridade que me é peculiar – que vença o melhor futebol. Estabelecendo no placar elástico, muito gols e jogadas de efeito tanto de um lado como do outro. E se você leitor e leitora, ficarem chateados comigo por não tomar partido nem de um, nem de outro, não esqueçam que sou alemã. E por isso cuidado!

Auauauauauauaúúúúúúúúúúú !

Úrsula Maff

2 comentários:

  1. querida Úrsula,

    Esta foi uma das melhores crônicas fútebolísticas que eu li nesta Copa de 2010.

    Parabéns !!!

    tio AL-Chaer

    (pra você: AL AL AL)

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  2. Titio Al-Chaer,

    Vindo de você um elogio desses eu fico deveras envaidecida. Pois sei que seus textos sobre futebol são excelentes e criativos.

    Me aventurei nesta seara apenas porque o comportamento de bando é algo que me interessa.

    Mas pra falar a verdade, quem é que não gosta de futebol?

    Lambidinhas na sua barbichinha,

    Úrsula Maff

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