“Ilha das Flores”
Ocasionalmente sou cobrado e criticado por não escrever sobre curtas-metragens. Realmente eu não o faço, mas isso não significa que não os veja e muito menos ainda que não os admire. Este, no caso, é imperdível. Na minha humilde opinião o melhor de todos os tempos do Brasil. Didático, criativo, belo, veloz, midiático e profundo. Querem mais?
Convidado para dar uma palestra de abertura da uma turma de ensino médio, pela professora Cynthia Alexandra, levei o filme. Por razões técnicas, não passou. A cena inicial dos tomates, do japonês e a conceituação do ser humano como uma animal diferenciado é perfeita.
Depois disso, conceitos e imagens são arremessados numa velocidade vigorosa e necessária. E a cada um deles minha atenção aumenta e meu critério de julgamento e crítica, idem.
Flores, perfumes, compras. A cadeia de produção está quase toda ali mostrada. Desde a matéria–prima, passando pela transformação, acúmulo, venda e utilização. Até o descarte, que é o lixo.
Em seis minutos de projeção fico impressionado com a quantidade de conceitos, todos adequados e de grande capacidade de discussão e reflexão. Os porcos aparecem e obviamente cercados de crianças e o lixão. Todos sabem o que vai acontecer e é duro.
A paulada da exclusão social é enorme. E do ponto-de-vista apresentado pelos autores e diretor, o Jorge Furtado; é brilhante. Qual a razão de tamanha discrepância e injustiça?
Os motes – palavras repetidas várias vezes com sentido evidente – são marcados mais uma vez. As imagens do tomate, da dona-de-casa, da Ilha das Flores, do lixo, dos porcos é muito bem colocada e os ângulos belos.
O final nos convida a reflexão e também á discussão. Será que um dia o ser humano perceberá que essa destruição ininterrupta do nosso planeta levará á nossa extinção. E; como dizem os índios lakota, da etnia sioux: “O homem branco precisa saber que não se come dinheiro, nem carros, nem eletrônicos.”
O que há de bom: criatividade e agilidade máxima em exíguos treze minutos
O que há de ruim: pouco divulgado nos lares em geral e nas escolas em particular
O que prestar atenção: quando se lê “Deus não existe”, não significa que quem filmou concorda ou não; cabe ao espectador tirar suas próprias conclusões
A cena do filme: a conexão das imagens e textos finais, já nos créditos, sobre o que é real (documentário) e ficção
Cotação: filme ótimo (@@@@)
COBRA
que barato o seu titio ter escrito sobre um curta tão bacana quanto o "ilha das flores".
ResponderExcluirgostei muito da resenha.
Olá Betina,
ResponderExcluirDepois vou pedir outro... Tem algum com temática animal ou da Natureza que você goste? Eu encomendo. Ele é muito legal e vai escrever tão logo possa.
Úrsula Maff
ai úrsula, não fale assim pois eu sou louca por cinema e corro o risco de acabar abusando...
ResponderExcluirtem um filme, não é curta, aliás, é um documentário(87 min), que eu assisti e que mexeu muito comigo, é desconcertante! nunca li nada satisfatório sobre ele e, se puder, mas só se puder, quem sabe o seu titio não faria uma resenha sobre...
bem, não custa tentar, já que você abriu a porteira (na roça eles dizem: porteira que passa um boi passa uma boiada! rs) e pedir:
“Camelos também choram”
mas se for demais, deixa para lá, fica valendo apenas a dica, inclusive para os seus leitores.
afagos, mocinha.