quinta-feira, 15 de julho de 2010

FILHOTES

Quando o neném nasce ele vai para casa em média dois dias depois do parto. Ele, na maioria das vezes já tem um quarto. A mamãe humana o amamenta diuturnamente. A ninhada é quase sempre única e gemelares são raros. Nós cães, temos partos múltiplos e o número de tetas também é grande. Mulheres só têm duas!

A minha primeira dificuldade é entender o porquê de algumas mães não amamentarem, apesar de colocarem próteses nas mamas! Para quê servem? Outra coisa, se o recém-nascido tem um quartinho só para ele, por que a mamãe o leva para o próprio ninho?

Aí o cãozinho abre os olhos e consegue se deslocar até o peito e mama avidamente. Nenéns humanos nem conseguem segurar a cabeça! São muito frágeis. Demoram quase um ano para andarem e uns dois para se comunicarem efetivamente.

Nós caminhamos rapidamente e latimos com graça e efusão. Fazemos-nos entender de imediato. Apesar de que quando um neném chora, as razões são geralmente apenas três: fome, frio ou dor... e os humanos fazem a maior bagunça. Engraçado é a palavra “manha”, o que será? Que eu saiba, um filhotinho é o que fazemos dele. Se determinados gestos e hábitos se desenvolvem é porque eles foram mostrados e estimulados.

Se meu filhote está ganindo eu dou peito, não balanço, não canto, não fico latindo e nem entro em depressão. Se ele está molhado, eu seco, não tenho nojo de cocô e limpo bem as dobrinhas, lambo até secar direitinho. Se tem frio, eu o acolho no meu corpo, o mais próximo possível, não fico cobrindo de panos e largando prá lá, não existe ninguém mais quentinha do que eu! Se tem dor eu faço massagem na barriguinha. Se nada disso resolver é porque é um pequenino muito doente. Aí peço pro papai levar no veterinário. E a “manha”?

Não sei. Não sei. Não sei. Se o humano está engordando é porque está bem. Se dorme durante a noite, idem. E se chora forte é porque tem saúde. Outro dia vi uma mamãe toda curvada carregando o recém-nato. Ela tinha um corte enorme na barriga. E depois fiquei sabendo que muitas têm essa cicatriz, parece que é uma marca das fêmeas humanas. Uma tal de “cesariana”. Será que não dá para botar o filhotinho para fora pela vagina, como todos os mamíferos? Será que o humano está perdendo o instinto maternal? E a enfermeira noturna? Quantos humanos agora estão parindo filhotes doentes que necessitam até de outros humanos – que não os pais- para cuidar da sua própria cria? Eu acho que não estão dodóis, não... Os pais é que não tem maturidade para zelar.

O umbigo cai rapidinho, somos iguais neste aspecto. O humano vem sem rabo e acho uma lástima cortar a cauda de filhotes. Os meus, eu nunca permiti! E nem as orelhas. Esse negócio de “padrão da raça” está mudando. É como se uma fêmea sem brinco deixasse de ser fêmea só porque não furaram a orelhinha dela. Alguns agrupamentos de pessoas mandam retirar a capinha do bilau do neném. Creio que não faz falta.

Vacinas existem muitas. Sigo as regras direitinho. Mas estimulo meus filhotes a andarem pelo chão desde cedo. Ou você já viu cachorro com alergia? Se eles tem contato com o meio externo, brincam na terra, ficam mexendo em tudo, rapidamente aprendem, né? Acho que a primeira palavra que todos aprendem é não. Não isso, não aquilo, não acolá. Cachorrinhos devem ter limites. Pois quando adultos ficam bem educados. Coisa que não tem ocorrido com os meninos e meninas de hoje, eles não possuem limites! Culpa de quem educa!

Eu sempre fui próxima da minha prole até o desmame. Vejo uma superproteção misturada com abandono na espécie de vocês. Parece que tentam compensar suas ausências e deficiências com suprimentos alimentares e presentinhos bobos. Criança precisa de carinho e exemplo. Se o papai e a mamãe nunca estão por perto com poderão dar essas duas coisinhas simples supracitadas?

Eu poderia falar mais, e até vou fazer isso depois. Entretanto, agora preciso cuidar dos meus. Sinceramente eu gostaria de dizer que a maternidade e a paternidade são opções e denotam responsabilidades e tempo. Quem não tem nem um nem outro, comece adotando um cão para depois ter seu próprio filho. Quem sabe aprende?

Pois o amor de um cão com o dono, assim como um de verdadeiro pai para um filho, é incondicional.

Úrsula Maff

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